domingo, 26 de maio de 2013

Janela de Olinda

 

OLINDA
 
"De limpeza e claridade
é a paisagem defronte.
Tão limpa que se dissolve
A linha do horizonte.

As paisagens muito claras
Não são paisagens, são lentes.
São íris, sol, aguaverde
Ou claridade somente.

Olinda é só para os olhos,
Não se apalpa, é só desejo.
Ninguém diz: é lá que eu moro
Diz somente: é lá que eu vejo.


Tão verdágua e não se sabe
A não ser quando se sai.
Não porque antes se visse,
Mas porque não se vê mais.

As claras paisagens dormem
No olhar, quando em existência.
Diluídas, evaporadas,
Só se reúnem na ausência.

Limpeza tal só imagino
Que possa haver nas vivendas
Das aves, nas áreas altas,
Muito além do além das lendas.

Os acidentes, na luz,
Não são, existem por ela.
Não há nem pontos ao menos,
Nem há mar, nem céu, nem velas.

Quando a luz é muito intensa
É quando mais frágil é;
Planície, que de tão plana
Parecesse em pé."

PENA FILHO, Carlos (1983)
 

 

 

 

 

 

Abro a janela da cozinha, neste domingo de sol e chuva e tenho esse deslumbramento: lembrei da poesia "Olinda" de Carlos Pena Filho, só com uma ressalva: é lá que moro.

 

 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Oficina Fotografia Criativa

Olha a nossa oficina de fotografia criativa by GHuga na Fundaj - Derby



Caras e bocas no estilo Imaginauta

Com o mestre Ghuga Távora, consultor da Unesco e Imaginauta Mor.

Marcados

Projeto Política da Arte convida para a exposição "Marcados", da artista Claudia Andujar, na Fundaj Derby .


Vinheta criativa dos estagiários do Educativos - artes da Fundaj (aparece, Edmundo, Vera e Roberto - Beto)

Entre 1971 e 1977, Claudia Andujar (Neuchâtel, Suíça, 1931) passou temporadas extensas na Terra Indígena Yanomami, em particular na bacia do rio Catrimani, afluente do Rio Branco, parte do território que na divisão geopolítica do Brasil se conhece por Roraima e Amazonas. Fez inúmeras fotografias dos habitantes daquele lugar, então pouco aproximados dos “brancos”. As fotografias da artista desse período capturam, em simultâneo, a potência vital e a vulnerabilidade de povos indígenas.

A primeira vista o modo escolhido para individuar os Yanomami nas fotografias da série "Marcados", realizadas entre 1981 e 1984, parece invasivo. Evoca, ademais, usos semelhantes de números e outros símbolos para identificar e perseguir povos ao longo da história recente do mundo. Associação ainda mais perturbadora quando se detém a informação de que grande parte da família de Claudia Andujar foi morta em campos nazistas de extermínio. É esse desconforto que se inscreve nos olhos de quem vê as imagens dos índios marcados. Mas saber o que motivou a feitura das fotografias – informação sempre concedida quando elas são exibidas ou publicadas – abre uma fissura naquele entendimento inicial. O que poderia ser gesto de violência simbólica ou registro de ato discricionário contra populações indígenas no Brasil, revela-se estratégia de luta pela sobrevivência de povos ameaçados. Diferente dos demais casos onde tais povos eram marcados para morrer, o s Yanomami mostrados aqui foram marcados para viver. E é essa ambiguidade contida já desde a produção das imagens que as justificam como parte fundamental da obra de Claudia Andujar, afirmando a fotografia como instrumento de questionar quem as olha acerca dos tempos e lugares ali condensados.

MARCADOS

16/05 à 28/07/2013 -Terça a Domingo - 15h às 20h
Galeria Vicente do Rêgo Monteiro - Fundação Joaquim Nabuco
Rua Henrique Dias, 609. Derby – Recife/PE
Quanto: Entrada Franca
Informações e agendamentos de escolas: 81 30736772/ 30736682
www.fundaj.gov.br / artes@fundaj.gov.br